A dissociação entre a clínica e a teoria tem sido um problema que a psicanálise arrasta após mais de um século de sua fundação. Novas teorizações vão se acumulando, muitas vezes se sobrepondo às antigas, constituindo um emaranhado de contradições e aporias que deixam a clínica psicanalítica enredada em “becos sem saída”, levando a questionamentos sobre a eficácia do método e da teoria. Silvia Bleichmar se apoia em sua experiência clínica e em suas concepções teóricas para discutir a questão. Propõe que a dissociação entre a clínica analítica e a teoria não se deve a uma caducidade dos paradigmas psicanalíticos. Defende a necessidade de que os analistas “façam uma limpeza” de modo livre e responsável: separem os elementos fecundos dos diversos conceitos, liberando-os de seu dogmatismo estéril e recolocando-os em movimento na clínica para serem aí recompostos.
Bleichmar enfatiza uma “Clínica Psicanalítica” que, sob tal perspectiva, não é o lugar em que se produz teoria, mas sim é o espaço no qual se levantam os interrogantes que possibilitam o questionamento e a revisão das teorias sustentadas como convicções.
Por isso a proposta de “Neogênese” como movimento, que, na clínica, não se limita a recuperar o já existente, mas sim tenta criar possibilidades de simbolizações e abrir novas expectativas de vida. “Neogênese”’ também na teoria, com a intenção de restituir-lhe a fecundidade necessária para as novas tarefas propostas pelas questões da clínica contemporânea.
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